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terça-feira, 15 de abril de 2014

Regra Primitiva da Ordem dos Irmãos da Bem Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo



1. Alberto, pela graça de Deus, chamado a ser Patriarca da Igreja de
Jerusalém, aos amados filhos em Cristo B. e demais eremitas que,
sob a sua obediência, vivem junto à Fonte no Monte Carmelo, a
Salvação no Senhor e a Bênção do Espírito Santo.
2. Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram
como cada um, qualquer que seja o estado de vida a que pertença ou
qualquer que seja o modo de vida religiosa que tenha escolhido, deve
viver em obséquio de Jesus Cristo e serví-lo fielmente com coração
puro e consciência serena.
3. No entanto, como vocês nos pedem que, de acordo com o seu projeto,
lhes apresentemos uma forma de vida à qual, de agora em diante,
devem manter-se fiéis:
4. Determinamos, em primeiro lugar, que tenham um de vocês como
prior, que seja eleito para este serviço através do consenso unânime
de todos ou da parte mais numerosa e mais madura. A ele cada um
dos outros prometa obediência e se empenhe em cumprir de
verdade, na prática, o que prometeu, juntamente com a castidade e a
renúncia à propriedade.
5. No que se refere a lugares de moradia, vocês poderão tê-los em
localidades solitárias ou onde lhes forem doados, desde que sejam
apropriados e adequadas à opção de sua vida religiosa, de acordo
com o que o prior e os irmãos, mediante discernimento, decidirem.
6. Além disso, levando em consideração o conjunto do lugar que se
propuseram como moradia, cada um de vocês tenha uma cela
individual e separada, que lhe será indicada por disposição do
próprio prior e com o consentimento dos outros irmãos ou da parte
mais madura.
7. De tal modo, porém, que, num refeitório comum, tomem o alimento
que lhes for doado, ouvindo juntos alguma leitura da Sagrada
Escritura, onde isto puder ser feito sem dificuldade.
8. A nenhum irmão será permitido, a não ser com a licença do prior em
exercício, mudar-se do lugar que lhe foi indicado ou trocá-lo com
outro.
9. A cela do prior deve localizar-se junto da entrada do lugar, para que
ele seja o primeiro a ir ao encontro dos que vierem a esse lugar; e,
depois, todas as coisas que devem ser feitas aconteçam de acordo
com o seu critério e a sua disposição.
10. Permaneça cada um em sua cela ou na proximidade dela, meditando
dia e noite na Lei do Senhor e vigiando em orações, a não ser que
esteja ocupado em outros justificados afazeres.
11. Os que sabem recitar as horas canônicas com os clérigos, as recitem
conforme as disposições dos Santos Padres e segundo o costume
aprovado da Igreja. Os que não o sabem, recitem vinte e cinco vezes
o Pai Nosso nas vigílias noturnas, com exceção dos domingos e dias
solenes, em cujas vigílias determinamos que se duplique o número
mencionado, de modo que o Pai Nosso seja recitado cinqüenta vezes.
No louvor da manhã, porém, a mesma oração seja recitada sete
vezes. Da mesma maneira, em cada uma das outras horas, a mesma
oração seja recitada sete vezes, menos nas vésperas, em que devem
recitá-la quinze vezes.
12. Nenhum dos irmãos diga que algo é propriedade sua, mas tudo entre
vocês seja comum, e seja distribuído a cada um pela mão do prior,
quer dizer, pelo irmão por ele designado para este serviço, conforme
cada qual estiver precisando, levando-se em consideração as idades e
as necessidades de cada um.
13. Contudo, na medida em que alguma necessidade de vocês o exigir,
lhes é permitido possuir burros ou mulos, e algum tipo de animais ou
de aves para criação.
14. O oratório, de acordo com as possibilidades, seja construído no meio
das celas, aonde, cada dia pela manhã, vocês devem reunir-se para
participar da solenidade da Missa, quando as circunstâncias o
permitirem.
15. Da mesma maneira, nos domingos ou em outros dias caso for
necessário, vocês devem tratar da observância na vida comum e do
bem-estar espiritual das pessoas. Igualmente, nessa mesma ocasião,
as transgressões e culpas dos irmãos, que por ventura forem
encontradas em algum deles, sejam corrigidas mediante a caridade.
16. O jejum, vocês o observem todos os dias, com exceção dos domingos,
desde a festa da Exaltação da Santa Cruz até o Dia da Ressurreição
do Senhor, a não ser que enfermidade ou debilidade do corpo ou
outro justo motivo aconselhem dispensar o jejum, pois a necessidade
não tem lei.
17. Abstenham-se de comer carne, a não ser que seja tomada como
remédio em caso de enfermidade ou debilidade. E visto que, durante
as suas viagens, vocês se vêem obrigados com maior freqüência a
mendigar o seu sustento, para não incomodarem a quem os hospeda,
fora de suas casas vocês poderão comer alimentos preparados com
carne. Também será permitido comer carne em viagens marítimas.
18. Visto que a vida humana na terra é uma tentação, e todos os que
querem viver fielmente em Cristo sofrem perseguição, e como o seu
adversário, o diabo, rodeia por aí como um leão que ruge,
espreitando a quem devorar, procurem, com toda a diligência,
revestir-se da armadura de Deus, para que possam resistir às
emboscadas do inimigo.
19. Os rins devem ser cingidos com o cíngulo da castidade, o peito
protegido por pensamentos santos, pois está escrito: O pensamento
santo te guardará. A couraça da justiça deve ser usada como veste, a
fim de que vocês amem o Senhor com todo o coração, com toda a
alma e com todas as forças, e o próximo como a si mesmos. Sempre e
em tudo deve ser empunhado o escudo da fé, com o qual possam
apagar todas as flechas incendiárias do maligno, pois sem a fé é
impossível agradar a Deus. O capacete da salvação deve ser colocado
sobre a cabeça, para que esperem a salvação unicamente do
Salvador, pois é ele que libertará o seu povo dos pecados. E que a
espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, habite abundantemente
em sua boca e em seus corações, e tudo que vocês tiverem de fazer,
seja lá o que for, que seja feito na Palavra do Senhor.
20. Vocês devem fazer algum trabalho, para que o diabo sempre os
encontre ocupados e não consiga, através da ociosidade de vocês,
encontrar alguma brecha para penetrar em suas almas. Nisto vocês
tem o ensinamento e o exemplo de São Paulo apóstolo, por cuja boca
Cristo falava e que por Deus foi constituído e dado como pregador e
mestre dos gentios na fé e na verdade. Se seguirem a ele, não
poderão desviar-se. Ele escreve: Em meio a trabalhos e fadigas
estivemos entre vocês, trabalhando dia e noite, para não sermos um
peso para nenhum de vocês. Não que não tivéssemos esse direito,
mas queríamos apresentar-nos como um exemplo a ser imitado.
Com efeito, quando estávamos com vocês, demos esta regra: Quem
não quiser trabalhar, também não coma! Ora, temos ouvido falar que
entre vocês há alguns que levam uma vida irreqüieta, sem fazer nada.
A esses tais ordenamos e suplicamos no Senhor Jesus Cristo, que
trabalhem em silêncio e, assim, comam seu próprio pão. Este
caminho é santo e bom. É nele que devem andar!
21. O apóstolo recomenda o silêncio, quando manda que é nele que se
deve trabalhar. E como afirma o profeta: a justiça é cultivada pelo
silêncio. E ainda: no silêncio e na esperança estará a força de vocês.
Por isso, determinamos que, depois da recitação das completas,
guardem o silêncio até depois da Hora Primeira do dia seguinte. Fora
desse tempo, embora a observância do silêncio não seja tão rigorosa,
com tanto mais cuidado abstenham-se do muito falar, porque,
conforme está escrito e não menos ensina a experiência: No muito
falar não faltará o pecado; e: Quem fala sem refletir sentirá um malestar;
e ainda: Quem fala em demasia prejudica a sua alma; e o
Senhor no Evangelho: De toda palavra inútil que os homens
disserem, dela terão que prestar conta no dia do juízo. Portanto, cada
um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua
boca, para que, de repente, não tropece e caia por causa da sua
língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, como diz o
profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se
empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo
qual se cultiva a justiça.
22. Agora, você, irmão B., e quem quer que for indicado como Prior
depois de você, tenham sempre em mente e cumpram na prática o
que o Senhor diz no Evangelho: Todo aquele que entre vocês quiser
tornar-se o maior, seja o seu servidor, e quem quiser ser o primeiro,
seja o seu empregado.
23. E vocês, os demais irmãos, tratem o seu prior com deferência e
humildade, pensando, mais do que nele mesmo, em Cristo que o
colocou acima de vocês, e que diz aos que estão à frente das igrejas:
Quem ouve a vocês, é a mim que ouve; quem despreza a vocês, é a
mim que despreza, a fim de que vocês não sejam condenados como
réus por menosprezo, mas possam merecer por obediência a
recompensa da vida eterna.
24. É isso que, com brevidade, lhes escrevemos com o intento de
estabelecer para vocês a forma de conduta, segundo a qual deverão
viver. Se alguém fizer mais do que o prescrito, o Senhor mesmo lhe
retribuirá quando voltar. Use, porém, de discrição, que é a
moderadora das virtudes.

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