
A Ordem Terceira do Carmo foi fundada pelo Beato João Soreth, em 1452, na França e é o grupo mais numeroso. No Brasil teve sua autorização e criação em 1587. Em S José dos Campos, a Ordem 3ªdo Carmo teve início em 1992. Só no dia 17 de dezembro de 1996, veio de Roma a carta patente fundado a Ordem Terceira de São José dos Campos. Hoje a comunidade conta com: 11 Irmãos Professos Perpetuos, 05 Irmãos Professos Temporários, 07 Irmãos Noviços 11 Irmãos Postulantes
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domingo, 6 de outubro de 2013
CARTA DO PAPA FRANCISCO AOS CARMELITAS
POR OCASIÃO DO CAPÍTULO GERAL 2013
Ao
Reverendíssimo Padre Fernando Millán Romeral
Prior Geral
da Ordem dos Irmãos da B.A.V.M do Monte Carmelo,
Dirijo-me
a vós, queridos irmãos da Ordem dos Carmelitas, que celebrais, neste mês de
setembro, o Capítulo Geral. Neste momento de graça e de renovação, em que sois
chamados a discernir a vossa missão, desejo oferecer-vos uma palavra de
encorajamento e de esperança. O antigo carisma do Carmelo tem sido por
oito séculos um dom para toda a Igreja, e, ainda hoje, continua oferecendo
sua particular contribuição para a edificação do Corpo de Cristo e para mostrar
ao mundo o rosto luminoso e santo. Vossas origens contemplativas brotam da
terra da epifania do amor de Deus em Jesus Cristo, Verbo Encarnado. Enquanto
refletis sobre vossa missão como carmelitas hoje, vos sugiro considerar três
elementos que podem guiar-vos na realização plena de vossa vocação, que é a subida
ao monte da perfeição: o obséquio de Cristo, a oração e a missão.
OBSÉQUIO
A Igreja tem
a missão de levar Cristo ao mundo, e para isso, como mãe e mestra, convida a
cada um e a todos a nos aproximarmos a Ele.
Na liturgia
Carmelita da Festa de N. Sra. do Monte Carmelo, contemplamos a Virgem que está
“junto à cruz de Cristo”. Este é também o lugar da Igreja: aproximarmos de
Cristo. E é também o lugar para cada filho fiel da Ordem Carmelita. Vossa regra
inicia-se com a exortação aos irmãos a “viver uma vida em obséquio de Jesus
Cristo”, para segui-lo e servi-lo com um coração puro e indiviso. A estreita
relação com Cristo é realizada na solidão, na comunidade fraterna e na missão.
“A opção fundamental de uma vida concreta e radicalmente dedicada ao seguimento
de Cristo” faz de vossa existência uma
peregrinação de transformação no amor. O Concílio Vaticano II recorda o lugar
da contemplação no caminho da vida: a Igreja tem, de fato, a característica de
ser, ao mesmo tempo, humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis,
entregue à ação e dada à contemplação, presente no mundo e, apesar disso,
peregrina” (Sacrossantum Concilium 2). Os antigos eremitas do Monte Carmelo
conservaram a memória daquele lugar santo e, mesmo estando exilados e longes, mantinham
o olhar e o coração constantemente fixos na glória de Deus. Refletindo
sobre vossas origens e história, e contemplando as pegadas de quantos viveram,
através dos séculos, o carisma carmelita, descobrireis assim vossa
atual vocação de ser profetas da esperança. E é, precisamente, nesta
esperança em que sereis regenerados. Com frequência, aquilo que parece novo é
algo muito antigo, iluminado por uma nova luz.
Em vossa
Regra está o coração da missão carmelita daquele tempo e de hoje. Enquanto vos
preparais para celebrar o oitavo centenário da morte de Santo Alberto,
Patriarca de Jerusalém, em 1214, recordais que ele formulou um “caminho de
vida”, um espaço que vos torna capazes de viver uma espiritualidade totalmente
voltada para Cristo. Ele delineou elementos externos e interiores, uma ecologia
física do espaço e a armadura espiritual necessária para responder
adequadamente à vocação e cumprir eficazmente a própria missão.
Num mundo que
desconhece permanentemente a Cristo e, de fato, o rejeita, sois convidados a
vos aproximar e aderir sempre mais profundamente a Ele. É um contínuo chamado a
segui-lo e a serdes conformados n’ Ele. Isto é de vital importância em nosso
mundo tão desorientado, “porque quando se apaga sua chama, também as outras luzes
acabam por perder seu vigor” (Lumen fidei, 4). Cristo está presente em vossa
fraternidade, na liturgia comunitária e no ministério confiado: renovai o
obséquio de toda vossa vida.
ORAÇÃO
O Santo
Padre, Bento XVI, antes de vosso Capítulo Geral de 2007, vos recordou que “a
peregrinação interior da fé em direção a Deus se inicia na oração”; e em
Castelo Gandolfo, em agosto de 2010, vos disse “vós sois aqueles que nos
ensinam a rezar”. Vós vos definis como contemplativos no meio do povo. Com
efeito, se é verdade que sois chamados a viver nas alturas do Carmelo, é
também verdade que sois chamados a dar testemunho no meio do povo. A
oração é a “estrada real” que nos abre à profundidade do mistério do Deus Uno e
Trino, porém é também o caminho estreito de Deus no meio do povo, peregrino no
mundo rumo à Terra Prometida.
Uma das
vias mais belas para entrar na oração passa através da Palavra de Deus. A Lectio Divina introduz na conversação direta com o Senhor e mostra os tesouros
da sabedoria. A íntima amizade com Aquele que nos ama nos faz capazes de
enxergar com os olhos de Deus, de falar com sua palavra no coração, de
conservar a beleza desta experiência e de contemplá-la com aqueles que estão
famintos de eternidade.
O retorno à
simplicidade de uma vida centrada no evangelho é o desafio para a renovação da
Igreja, comunidade de fé que sempre encontra novos caminhos para evangelizar o
mundo em contínua transformação. Os santos carmelitas foram pregadores e
mestres de oração. Isto é o que ainda se pede ao Carmelo do século XXI. Ao
longo de vossa história, os grandes carmelitas foram um forte anúncio da raiz
da contemplação, raiz sempre fecunda da oração. Aqui está o coração de vosso
testemunho: a dimensão contemplativa da Ordem, que deve ser vivida,
cultivada e transmitida. Gostaria que cada um se perguntasse: como é
minha vida de contemplação? Quanto tempo dedico, durante o meu dia, à oração e
à contemplação? Um carmelita sem esta vida contemplativa é um corpo
morto! Hoje, mais ainda que no passado, é fácil deixar-se distrair pelas
preocupações e pelos problemas deste mundo e deixar-se fascinar por seus
ídolos. Nosso mundo está debilitado de muitas maneiras. Aquele que é
contemplativo, diferente do mundo, volta à unidade com Deus e por isso,
torna-se um forte chamado a essa mesma unidade. Agora mais do que nunca, é
o momento de descobrir o caminho interior do amor e oferecer às pessoas de
hoje, na pregação e na missão, um testemunho da contemplação: não soluções
fáceis, mas aquela sabedoria que emerge do meditar “dia e noite a lei do
Senhor”, Palavra que sempre conduz para junto da cruz gloriosa de Cristo. E
unida à contemplação, a austeridade de vida, que não é um aspecto secundário de
vossa vida e de vosso testemunho. É uma tentação muito forte, também para
vós, cair na “mundanidade espiritual”. O espírito do mundo é inimigo da
vida de oração: não esqueçais nunca disto! Exorto-vos a uma vida austera e
penitente, segundo vossa mais antiga tradição, uma vida longe de toda
mundanidade, longe dos critérios do mundo.
MISSÃO
Queridos
irmãos carmelitas, a vossa missão é a de Jesus. Todo planejamento, todo
confronto seria pouco útil, se o Capítulo não realizasse um caminho de
verdadeira renovação. A família carmelita tem conhecido uma verdadeira
primavera em todo o mundo, como fruto outorgado por Deus, do esforço
missionário do passado. Toda missão mostra, às vezes, árduos desafios, pois a
mensagem evangélica não é sempre acolhida, chegando a até mesmo ser
violentamente rejeitada. Não devemos esquecer nunca, que se somos lançados em
águas turbulentas e desconhecidas. Aquele que nos chama à missão nos dá também
a coragem e a força para agir. Por isso, celebrais o Capítulo, encorajados pela
esperança que nunca morre, com um forte espírito de generosidade em querer
recuperar a vida contemplativa e a simplicidade e austeridade evangélica.
Dirigindo-me
aos peregrinos na Praça de São Pedro, tive a ocasião de dizer: “Todo cristão e
toda comunidade é missionária na medida em que leva e vive o Evangelho e
testemunha o amor de Deus para com todos, especialmente àqueles que se
encontram em dificuldade. “Sede missionários do amor e da ternura de Deus! Sede
missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa, sempre nos espera,
e nos ama tanto!” (homilia 05.05.13). O testemunho do Carmelo no passado
pertence à profunda tradição espiritual crescida numa das grandes escolas de
oração. Esta suscitou a coragem de homens e mulheres que enfrentaram
inclusive a morte. Recordamos somente os dois grandes mártires
contemporâneos: Santa Teresa Benedita da Cruz e o Beato Tito Brandsma.
Pergunto-me então: hoje, entre vós, se vive com a força e a coragem destes
santos?
Queridos
irmãos do Carmelo, o testemunho de vosso amor e de vossa esperança, radicados
na profunda amizade com o Deus vivo, pode chegar como uma “brisa leve” que
renova e revigora vossa missão eclesial no mundo hodierno. A isto sois
chamados. O Rito de Profissão põe em vossos lábios estas palavras: “Com esta
profissão, uno-me à família carmelita para viver a serviço de Deus e na Igreja,
e aspirar à caridade perfeita com a graça do Espírito Santo e a ajuda da
Bem-Aventurada Virgem Maria” (Rito da Profissão O.C).
A
Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, acompanhe vossos passos e
faça fecundo a caminhada quotidiana para o Monte de Deus. Invoco sobre toda
a Família Carmelita, e, em particular, sobre os Frades Carmelitas, dons
abundantes do Espírito Santo, e a todos, concedo, cordialmente, a implorada
Benção Apóstolica.
Vaticano, 22
de Agosto de 2013
Franciscus
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